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Olhos secos e irritados podem coçar e queimar, causando desconforto significativo. Em casos severos, o ressecamento ocular pode causar problemas na visão e até levar a danos oculares. Infelizmente esse problema é comum. Um estudo com pacientes com média de idade de 59 anos demonstrou que mais da metade dos indivíduos estudados apresentavam a doença do olho seco (DOS). À medida que envelhecemos, o ressecamento ocular se torna mais prevalente e frequentemente mais problemático.
A DOS costuma ser considerada uma doença crônica progressiva. Isso significa que ela continua piorando ao longo do tempo. A causa direta é atribuída à redução da produção de lágrimas pelas glândulas lacrimais dos olhos. À medida que o nível de lágrimas diminui, o filme lacrimal protetor é perdido, o que pode causar danos à superfície ocular.
Fatores de risco que aumentam a incidência de ressecamento ocular incluem idade, sexo feminino, uso de computadores, cirurgias oculares, uso de lentes e contato, diabetes, pressão alta, doenças cardíacas, glaucoma, doenças da tireoide, artrite, depressão, apneia do sono e alguns medicamentos. Alguns desses problemas são potencialmente reversíveis (como diabetes e pressão alta), o que pode ajudar a melhorar os sintomas de ressecamento ocular.
Uma das causas mais comuns de ressecamento ocular é a disfunção das glândulas meibomianas (DGM). As glândulas meibomianas recobrem as pálpebras superiores e inferiores, produzindo óleos que ajudam a prevenir a evaporação das lágrimas. Em alguns casos, essas glândulas ficam entupidas e não produzem mais o filme oleoso de maneira eficiente. Se a DGM for a causa do ressecamento ocular, deve ser avaliada por um oftalmologista, pois a expressão das glândulas costuma ajudar a restaurar sua função. Qualquer pessoa que apresente sintomas novos de ressecamento ocular precisa de uma avaliação com um oftalmologista para compreender a causa principal.
Os tratamento naturais para olhos ressecados se dividem em duas categorias básicas: tratamentos de uso tópico nos olhos e suplementos orais. Os tratamentos oculares costumam ser lubrificantes que tentam substituir o filme de lágrimas que está faltando.
Os tratamentos tópicos costumam ser simples, como lavar as pálpebras e aplicar compressas mornas para ajudar no fluxo de lágrimas. Os colírios convencionais também podem ajudar, embora devam ser colírios lubrificantes, não aqueles para reduzir a vermelhidão. Algumas pessoas também ficam com os olhos secos e irritados por causa dos conservantes presentes em colírios comerciais e podem precisar de fórmulas livres de conservantes. Pesquisas sugerem que colírios com o conservante cloreto de benzalcônio podem causar irritação com o uso prolongado e devem ser evitados.
Outras formulações tópicas para ressecamento ocular que parecem promissoras incluem o hialuronato (uma forma tamponada do ácido hialurônico). O hialuronato é um composto natural, componente do tecido conjuntivo, que funciona como lubrificante. Quando administrado na forma de colírio, parece causar redução significativa nos sintomas. Comparações com fórmulas convencionais costumam mostrar uma preferência pelas formulações contendo hialuronato, mas uma análise recente não considerou essas diferenças estatísticamente significativas. Independente disso, o colírio de hialuronato é uma opção para ajuda a reduzir sintomas de ressecamento ocular.
O alcaçuz é uma erva com efeito anti-inflamatório bem conhecido. Um dos componentes ativos principais do alcaçuz é a glicirrizina. Em um estudo piloto, cerca de 70% dos pacientes com ressecamento ocular apresentaram melhora com colírios contendo glicirrizina. Porém, uma pessoa reportou reação alérgica e precisou descontinuar o uso. Outros estudos também usaram a glicirrizina combinada a outros lubrificantes para sintomas de ressecamento ocular, com bons efeitos.
O óleo de rícino foi por muito tempo um remédio caseiro para diversos problemas de saúde, embora os últimos dados sugiram que ele pode ser um tratamento oral muito agressivo para constipação. Porém, o óleo de rícino parece promissor para a saúde ocular. Quando aplicado de maneira tópica como um colírio, o óleo de rícino melhorou o filme lacrimal, além de diminuir os sintomas de ressecamento ocular. Ele também pode ser útil para sintomas oculares em alguns casos, devido a suas propriedades antimicrobianas. Além disso, o óleo de rícino pode ajudar a tratar a DGM e reduzir a inflamação, ajudando a aliviar tecidos irritados.
A deficiência de vitamina A é uma das principais causas de cegueira em crianças de países em desenvolvimento. Quando a vitamina A é insuficiente, os olhos podem perder a capacidade de manter a lubrificação, o que pode resultar em cicatrizes e cegueira. Em pessoas com insuficiência de vitamina A, a suplementação oral provavelmente ajudará. Porém, estudos também demonstraram que a vitamina A de uso tópico é útil para o tratamento da DOS. Foi demonstrado que uma pomada de vitamina A melhorou sintomas de ressecamento ocular, além de melhorar o filme de lágrimas. A vitamina A de uso tópico também foi efetiva para reverter os danos celulares vistos em casos de DOS.
Os tratamentos orais funcionam tentando diminuir a inflamação e outros parâmetros das doenças para melhorar a produção de lágrimas.
Os benefícios dos ácidos graxos ômega-3 para olhos ressecados são bem estudados. Em um estudo curto, indivíduos consumiram uma quantidade modesta de ácidos graxos ômega-3 diariamente: 360 mg de ácido eicosapentaenoico (EPA) e 240 mg de ácido docosahexaenoico (DHA). Todos os pacientes do estudo apresentavam problemas com sintomas de olhos ressecados e os pacientes tratados tomaram ácidos graxos ômega-3 por um mês. No final do período de suplementação, o tempo de evaporação do filme lacrimal aumentou, enquanto o índice de doenças na superfície ocular diminuiu (de severo para moderado) em pacientes tomando ácidos graxos ômega-3.
Um estudo mais recente tratou pacientes com DOS com óleo de krill, óleo de peixe ou placebo. O óleo de krill e o óleo de peixe são fontes de ácidos graxos ômega-3. A dosagem foi de aproximadamente 1000 mg de EPA e 500 mg de DHA por dia ao longo de três meses. Apesar de ambas as formas de ômega-3 apresentarem benefícios, o óleo de krill foi superior ao óleo de peixe para reduzir sintomas e inflamação.
De modo geral, uma metanálise dos estudos com suplementação de ômega-3 para olhos ressecados concluiu que ela melhorou efetivamente os sinais e sintomas. Com base nesses achados, os autores sugerem que os ácidos graxos ômega-3 podem ser um tratamento efetivo para a DOS.
O espinheiro marítimo é uma erva especial, rica em antioxidantes e determinadas gorduras, incluindo ácidos graxos ômega-7. Muitas pessoas já ouviram falar dos ácidos graxos ômega-3 e ômega-6. Já os ômega-7 são um tipo de gordura monoinsaturada, similar ao tipo de gordura encontrado no azeite de oliva. À medida que as pesquisas sobre os ômega-7 crescem, demonstram benefícios para a saúde dos olhos.
O tempo frio costuma piorar os sintomas de ressecamento ocular. Em um estudo com homens e mulheres com ressecamento ocular no final do outono e início do inverno, o óleo de espinheiro marítimo melhorou significativamente a vermelhidão, com tendências de melhora na ardência. Além disso, o óleo de espinheiro marítimo ajudou a diminuir a piora do filme lacrimal que ocorre com o tempo mais frio.
Um estudo em camundongos mostrou que tanto o óleo de espinheiro marítimo quando o óleo ômega-7 isolado restauraram a produção de lágrimas. Os autores concluíram que o principal componente terapêutico no óleo de espinheiro marítimo é provavelmente o ômega-7 e que pode ser um tratamento potente na prevenção do ressecamento ocular.
Embora não sejam bem estudadas para a DOS, vale notar que as nozes macadâmia também são uma fonte rica em ácidos graxos ômega-7.
A vitamina D parece ter um papel no tratamento da DOS. Diversos estudos mostraram correlação entre níveis baixos de vitamina D e ressecamento dos olhos. Já foi demonstrado que níveis mais baixos de vitamina D estão correlacionadas sintomas de ressecamento ocular e tempo de quebra das lágrimas.
Embora as correlações sejam interessantes, estudos clínicos podem fornecer evidências robustas de benefícios reais. Um estudo com suplementação de vitamina D em pacientes com sintomas persistentes de ressecamento ocular que não respondiam ao tratamento padrão, também demonstrou resultados positivos. A vitamina D melhorou significativamente a vermelhidão e severidade dos sintomas nos pacientes tratados.
Pesquisas continuam revelando conexões surpreendentes entre a saúde intestinal e o bem-estar geral. A relação entre a saúde intestinal e a saúde ocular é um exemplo claro. Embora muitos dados iniciais sejam com estudos em animais, testes clínicos em humanos também demonstraram benefícios de probióticos para a DOS. Em um teste clínico, participantes com ressecamento ocular receberam um suplemento probiótico e fibras prebióticas. A combinação reduziu os sintomas de maneira mais significativa do que o placebo.
Um outro estudo tratou pacientes com DOS com uma combinação de leveduras probióticas Saccharomyces boulardii e bactérias probióticas Enterococcus faecium ou com placebo. Foi demonstrado que o produto combinado diminuiu os sintomas melhor do que o placebo, melhorando o filme lacrimal e a produção de lágrimas.
Qualquer tratamento usado sobre os olhos ou dentro deles deve ser formulado adequadamente e de maneira estéril, para que não cause irritações ou infecções. Qualquer um dos tratamentos tópicos mencionados só deve ser utilizado se comprado de uma fonte confiável e formulado especificamente para uso nos olhos.
O ressecamento ocular, especialmente se severo, pode causar um sofrimento significativo. Pessoas com problema de DOS costumam apresentar perdas na qualidade de vida. Felizmente, já foi demonstrado que diversos tratamentos ajudam com o ressecamento ocular. Após a avaliação de um oftalmologista para compreender a causa principal, os tratamentos tópicos e orais podem melhorar os sintomas e ajudar a abordar aspectos da doença causadora.
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